Friday, July 17, 2009

danos.

- Por favor, não faça isso!
- Vamos, decida-se!

O desespero é claríssimo no rosto dela. Isso, agora, é algo que ela sabia que iria acontecer, mas que ela não gostava de pensar a respeito. Ela sentia que, se não lembrasse dessa conclusão, talvez ela não fosse acontecer. Mas está acontecendo. E falta pouco pra acabar.

Meses atrás, ela ingressou em um trabalho novo, em uma agência de advogados dos sonhos. Bem, dos sonhos dos outros, talvez. Para ela, era apenas uma boa chance de evoluir como profissional. Trabalhando ao lado de pessoas experientes e influentes. Logo na sua entrada, a firma já estava envolvida em um caso grande , com muito destaque na mídia, que dizia respeito a executivos milionários e, supostamente, corruptos. Ela, a nossa protagonista, era ambiciosa, apesar de humilde, e não demorou para se informar e se dedicar totalmente ao caso. Nossa protagonista, também, é noiva, de um jovem médico que ela ama muito.

Com o passar do tempo, infelizmente para o casal, ela estava cada vez mais envolta no caso, aparentemente interminável. E sua chefe, uma advogada de sucesso, era obsecada por trabalho e estava desesperada para acabar logo com esses processos. A relação do casal, consequentemente, era complicada. As discussões eram semanais. Ela temia o momento onde ela daria um ultimato: Ou o trabalho ou eu. E foi o que aconteceu. Porém, pelo jeito, parece que ela não o conhecia muito bem.

- Vamos, decida-se! - Ele diz , com um sorriso tão pequeno que ela nem percebe.

Quando ela desiste de debater , deixa seus ombros cairem de cansaço e começa a ir em direção da porta. Então ele vai à ela, a pega pelo braço e diz:

- Viu?! - Ele abre um sorriso enorme e olha diretamente nos olhos dela, prestes a chorar. - Eis o quão frágil é a nossa relação! - Ela começa a perceber o objetivo dele com isso, apesar de não conseguir acreditar.

- Querida, você percebeu isso? Se você tivesse ido embora agora, se eu não tivesse te segurado, teríamos acabado! A nossa relação sumiria!
- O que você- Ele interrompe.
- Eu estava brincando, querida! Eu nunca terminaria contigo! - Ela fica chocada. - Eu só queria testar o limite do nosso relacionamento. Notou como são delicadas as relações humanas? - Ele continua, inocentemente, como se fosse uma criança explicando porque quebrou um vaso caro, pois achava que ficaria mais bonito aos pedaços. Ele a abraça e ela imediatamente se afasta. Não há mais contato.
- Você é louco?! - Ela grita, levemente aliviada, no fundo, pois percebeu agora como ele realmente era, antes que a relação deles ficasse ainda mais séria.

A incompreensão lhe choca. Ele não entende como ela não entende. Ela sai do aposento, correndo, e ele fica parado , com o seu sorriso agora quebrado. Ele fica absorto em pensamentos, e não percebe que ela está arrumando malas. A porta da frente abre e bate e ele retoma a consciência. E nota que está sozinho.



Texto que fiz em algum dia qualquer entre fevereiro e junho desse ano, durante uma aula de Ensino Social da Igreja (como raios eu não botei data no texto?! santa burrice). A situação é claramente inspirada na primeira temporada da série Damages (hence o nome do post). Seriado foda é foda.