Sempre fui uma pessoa muito reservada. Escolhia cuidadosamente para quem iria contar, bem, quase tudo, isso quando contava. Digo logo de cara que ser reservado é uma merda. Você sente como se tivesse mil coisas para contar, assim, coisas desinteressantes, e acaba que quando se depara com alguém que você gosta, você não se sente confortável o suficiente para contar, ou whatever.
Muita coisa que já falei foi somente para algumas pessoas. E, com algumas dessas, eu nunca mais falei. Injusto, não? É algo como "OK, só tu vai me conhecer e a minha vida é a seguinte.." Então vou postar um trecho de algo que escrevi pra alguém uma vez. Não é nada demais, é apenas um parágrafo sobre aeroportos. Gostaria de poder fazer disso (compartilhar coisas que só compartilhei com poucas pessoas) mas... o passado é tenso e prefiro deixá-lo lá. Por enquanto.
Também aproveitarei o post para fazer outro Existe algo mágico sobre... Lá vai.
Existe algo mágico...
"Enfim, sobre aeroportos. É mais ou menos pelo mesmo motivo que citei o metrô de NY. Eu só viajei de avião duas vezes na vida. A tal vez pra SP com o meu amigo e uma outra, há muitos anos, com a família, pro Rio (eu era criança e nem lembro direito). É tudo uma questão de possibilidades e probabilidades. Se você pega um ônibus na sua cidade, é provável que pessoas parem na mesma parada que tu, assim como também é provável que mais gente entre contigo no ônibus, mas que vá para lugares diferentes; por mais que seja perto. Com rodoviárias, as possibilidades aumentam. Eu fico me perguntando, olho pra alguém sozinho com malas e penso, pra onde será que ela vai, de onde é, quais os motivos da viagem, por que ela está aqui nesse horário e não pegou um ônibus antes ou depois... Essas coisas. Sei lá, sempre acho que vou achar alguém que está viajando sozinho, fugindo da vida, sabe. Do tipo "Fiz uma mala, não avisei pra ninguém e peguei qualquer ônibus pra qualquer lugar longe." Sempre parece que tem alguém assim nesses lugares. Mas veja bem, por exemplo, aqui na rodoviária de onde moro, existe isso, mas a probabilidade que seja alguém, sei lá, do Nordeste, é muito pequena. Agora, com aeroportos, as probabilidades aumetam novamente. Um aeroporto internacional de SP então, nossa! Gente do exterior, vôos a cada hora para países distantes, estrangeiros que nunca vieram pro Brasil chegando. É praticamente impossível encontrar alguém que se encontrou lá em qualquer outro lugar. É um lugar cheio de chances únicas. As pessoas estão lá em tal horário por tal motivo e é somente isso que as liga. Não é porque todas fazem a mesma faculdade, como eu em relação com as outras pessoas aqui do laboratório. A coisa em comum é que elas todas estão de passagem, saindo do aeroporto pra outro lugar - mesmo as que são de SP e estão chegando. Eu sempre fico pensando, imagina se eu encontro alguma pessoa que parece bem interessante num lugar desses. Eu só teria essa chance de falar com ela."
Muita coisa que já falei foi somente para algumas pessoas. E, com algumas dessas, eu nunca mais falei. Injusto, não? É algo como "OK, só tu vai me conhecer e a minha vida é a seguinte.." Então vou postar um trecho de algo que escrevi pra alguém uma vez. Não é nada demais, é apenas um parágrafo sobre aeroportos. Gostaria de poder fazer disso (compartilhar coisas que só compartilhei com poucas pessoas) mas... o passado é tenso e prefiro deixá-lo lá. Por enquanto.
Também aproveitarei o post para fazer outro Existe algo mágico sobre... Lá vai.
Existe algo mágico...
"Enfim, sobre aeroportos. É mais ou menos pelo mesmo motivo que citei o metrô de NY. Eu só viajei de avião duas vezes na vida. A tal vez pra SP com o meu amigo e uma outra, há muitos anos, com a família, pro Rio (eu era criança e nem lembro direito). É tudo uma questão de possibilidades e probabilidades. Se você pega um ônibus na sua cidade, é provável que pessoas parem na mesma parada que tu, assim como também é provável que mais gente entre contigo no ônibus, mas que vá para lugares diferentes; por mais que seja perto. Com rodoviárias, as possibilidades aumentam. Eu fico me perguntando, olho pra alguém sozinho com malas e penso, pra onde será que ela vai, de onde é, quais os motivos da viagem, por que ela está aqui nesse horário e não pegou um ônibus antes ou depois... Essas coisas. Sei lá, sempre acho que vou achar alguém que está viajando sozinho, fugindo da vida, sabe. Do tipo "Fiz uma mala, não avisei pra ninguém e peguei qualquer ônibus pra qualquer lugar longe." Sempre parece que tem alguém assim nesses lugares. Mas veja bem, por exemplo, aqui na rodoviária de onde moro, existe isso, mas a probabilidade que seja alguém, sei lá, do Nordeste, é muito pequena. Agora, com aeroportos, as probabilidades aumetam novamente. Um aeroporto internacional de SP então, nossa! Gente do exterior, vôos a cada hora para países distantes, estrangeiros que nunca vieram pro Brasil chegando. É praticamente impossível encontrar alguém que se encontrou lá em qualquer outro lugar. É um lugar cheio de chances únicas. As pessoas estão lá em tal horário por tal motivo e é somente isso que as liga. Não é porque todas fazem a mesma faculdade, como eu em relação com as outras pessoas aqui do laboratório. A coisa em comum é que elas todas estão de passagem, saindo do aeroporto pra outro lugar - mesmo as que são de SP e estão chegando. Eu sempre fico pensando, imagina se eu encontro alguma pessoa que parece bem interessante num lugar desses. Eu só teria essa chance de falar com ela."